sábado, 2 de outubro de 2010

Sentido

É fácil não querer saber, ter medo e fugir
Ser um personagem distante
É muito fácil beijar quem pouco te mexe
O difícil é tremer, desejar demais, arder em febre
Ter medo do que não se conhece
De descontrolar-se, de se perder, de se esquecer
Mas seguir adiante
Gelar as mãos
Suar o rosto corado de sangue
Ridicularizar-se
Palpitar o coração
Gostar do atrevimento e do profundo
Fazendo - se viver realmente em dobro
Perceber o que não se fazia perceber
É um cisco provisório demais
Não ser radical e inteiro ao que pode o bem
O bom mesmo é viver generosamente da entrega
Responder ao aperfeiçoamento que não havia nada
A soma do que começa e do que finda
A vida e a morte quando se beija
As vezes coragem é ficar de frente
Tremer é não correr perante ao gigante
Se sentir inocente
Sonhar numa plenitude como se tivesse chegado a eternidade
E de nada mais se importar-se
Falar palavras tontas numa dicção solene
Se ver nas letras que as músicas gritam, que antes , careta, não se suportava
Num susto de perceber que agora existe um único sentido
Uma responta realmente sem pergunta
Tudo se torna dele
Das intensidades do amor que vão da angústia a felicidade
E é talvez a única arte que transmita ao homem em sua total integridade

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